MedelinProjetos implantados, como escada rolante e teleférico, facilitaram acessos da periferia à região central da cidade

A cidade de Medellín, na Colômbia, que chegou a ser classifica como a mais violenta do mundo nas décadas de 1980 e de 1990, tornou-se exemplo de que, com políticas sociais efetivas, é possível melhorar a qualidade de vida da população e reduzir a criminalidade.

Um dos meios utilizados para isso foi a implantação de sistemas de transporte melhores e mais inclusivos. O exemplo do município colombiano foi apresentado durante a Conferência Internacional Cidades Sustentáveis, realizada nessa terça-feira (7), em Brasília (DF).

“Medellín percebeu que o transporte público era forma de inclusão social. Encontrávamos longas distâncias entre as populações do norte (parte mais pobre) e do sul da cidade. Elas levavam muito tempo nas viagens e, como o serviço era muito ruim, percebemos que afetava a qualidade de vida”, contou o subdiretor de Relações Locais e Internacionais da ACI (Agência de Cooperação e Investimento de Medellín e Região Metropolitana), Pablo Guzmán. Foi assim que os governantes, em parceria com a sociedade civil e com empresários, decidiu ampliar as opções de deslocamento e promover a integração intermodal.

Um dos projetos pioneiros no mundo é o Metrocable, teleférico utilizado como meio de transporte urbano e que opera de forma integrada com o metrô. Até agora, duas linhas foram implantadas nas regiões mais violentas da cidade: uma de 1,7 quilômetro e outra de 2,7 quilômetros.

Conforme Guzmán, o projeto fez com que as pessoas passassem a se sentir efetivamente parte de Medellín. Até então, quem vivia nessas áreas, quase isoladas em razão da dificuldade de acesso, levava cerca de duas horas para chegar à região central. O sistema reduziu o tempo para 15 minutos. “A comunidade mudou a forma de se expressar. Pararam de dizer ‘vamos a Medellín’ e passaram a dizer, simplesmente, vamos ao centro. Esse foi um fator de inclusão”, conta.

Mais recentemente, outra ação inovadora chamou a atenção: a implantação de escadas rolantes com um total de 384 metros de comprimento em um dos bairros mais pobres (e íngremes) de Medellín. Doze mil pessoas foram beneficiadas. O percurso, realizado diariamente pelos trabalhadores nos 350 degraus de cimento que existiam antes, tomava cerca de 35 minutos. Com o sistema elétrico e gratuito, o tempo caiu para cerca de cinco minutos.

A melhoria na qualidade de vida ficou evidente, segundo Pablo Guzmán. “A maioria das pessoas desses bairros trabalham nas partes ricas da cidade. Elas saíam cedo pela manhã e chegavam tarde da noite, gastando muito em passagens. Agora com um só ticket, que custa um dólar, podem escolher qualquer um dos transportes”.

Outro reflexo desses projetos, aliados a mais melhorias na infraestrutura urbana, está na relação das comunidades com os governos. “Elas passaram a ver o poder público como fator de desenvolvimento”.

Os cidadãos ainda dispõem de bicicletas públicas e do Metroplús, que é o Sistema Integrado de Transporte Massivo de Média Capacidade, que melhorou a mobilidade em toda região metropolitana. Todos sistemas funcionam com integração tarifária.

 

 

Natália Pianegonda

Agência CNT de Notícias